quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Documentário revela "Segredos do Douro"


Cachão da Valeira, nome com registo conhecido e registado desde o séc. XVIII, encontra-se num lugar ermo, numa encosta de mesmo nome, na margem esquerda do rio Douro, a montante da barragem da Valeira, sendo apenas acessível por barco. No local encontra-se uma inscrição epigráfica na face de uma “fraga” de impossível acesso. As letras latinas, capitulares, embutidas de bronze dourado, e encimada pela incrustação de uma coroa fechada, passam despercebidas aos milhares de turistas, apinhados, que todos os anos por ali passam em embarcações.
IMPERANDO D. MARIA PRIMEIRA - SE DEMOLIU O FAMOZO ROCHEDO - QUE FAZENDO AQUI - HUM CACHAM INACCESSIVEL - IMPOSSIBILITAVA A NAVEGAÇÃO - DESDE O PRINCIPIO DOS SÉCULOS - DUROU A OBRA - DESDE 1780 ATÉ 1791 - PATRIAM AMAVI FILIOS QUÉ DILEXI. Em 1530. Verificaram-se as primeiras tentativas para destruir o Cachão da Valeira, nos séc. XVII e XVIII, mais precisamente nos reinados de D. Pedro II e D. João V. Uma cascata numa garganta rochosa do rio, que impedia a navegabilidade completa do rio Douro. Foram efectuados diversos estudos para a execução da obra.
Em 1779, a Companhia Geral da agricultura e Vinhas do Alto Douro recebe autorização de D. Maria I para cobrar impostos sobre o vinho, aguardente e vinagre transportados pelo rio Douro, com o propósito de os aplicar em obras que o tornassem navegável. Um dos obstáculos era o Cachão da Valeira, nas fraldas da serra do Ermo, onde se encontrava o Santuário de S. Salvador do Mundo, onde o rio era estrangulado por enormes fragas abruptas que faziam precipitar as águas numa queda de 7 metros de altura. O padre António Manuel Camelo, foi encarregue da destruição dos rochedos e alargamento do leito do rio, coadjuvado por José Maria Yola, Engenheiro Hidráulico da Sardenha.
Em 1780, inicia-se a obra de demolição do Cachão, com mais de 4300 tiros dados abaixo da linha de água, alargando-se o leito do rio 35 pés. Em 1789, passam os primeiros barcos rabelos a subir e a descer o rio com segurança.
Com a construção da barragem da Valeira e mais quatro ao longo do Douro nacional, em 1990 começou o Douro a receber os primeiros turistas.

De nome Joseph James Forrester, ficando conhecido na região do Douro por Barão de Forrester, nasceu em Hull, na Escócia, a 21 de Maio de 1809. Vindo a falecer, vítima de um acidente de barco, no Cachão da Valeira, em Maio de 1861. Veio para Portugal em 1830 e dedicou-se desde muito cedo à carreira comercial, ajudado pelo tio, grande comerciante na cidade do Porto. Barão de Forrester tornou-se num homem distinto, de grande cultura, deixando-nos uma extensa obra bibliográfica essencialmente sobre o Douro.
Foi o autor do importante mapa "O Douro Português", traçando o curso deste rio desde a fronteira espanhola ate à foz. Este excepcional trabalho fez com que o governo, da altura, lhe atribuísse o título de Barão, honraria pela primeira vez atribuída a um estrangeiro. Como nesse tempo o acesso para o Douro era difícil, mandou construir um barco do género rabelo, ricamente decorado e apetrechado, onde oferecia jantares aos seus amigos. A tripulação era muito bem remunerada e magnificamente uniformizada. Quando se encontrava hóspede de D. Antónia Adelaide Ferreira, ainda recordada por Ferreirinha, veio a encontrar a morte no barco em que se fazia transportar, numa viagem de recreio, quando se voltou no traiçoeiro ponto do Cachão da Valeira.
Socorridos os ocupantes por outro barco, salvaram-se todos, menos o barão, uma criada e um criado que acompanhava a comitiva.
Dizem que D. Antónia Ferreira se salvou graças aos seus vestidos, que se comportaram como um perfeito balão e o Barão se afogou porque levava na sua faixa uma quantidade apreciável de onças de moedas de ouro que o levaram ao fundo do turbilhão acabando por se afogar. Morreu e ficou sepultado no lugar que mais o impressionava.

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