quinta-feira, 18 de março de 2021

Douro Lá Encima

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sábado, 28 de março de 2009

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Douro - Encontrado monumento megalítico

O coordenador científico do Inventário do Património Imaterial da Região Duriense, Alexandre Parafita, admite ter encontrado dois importantes monumentos magalíticos no concelho de Tabuaço, quando tentava contextualizar territorialmente duas lendas que o integram.
Alexandre Parafita contou ter-se deslocado às montanhas do Fradinho, em Tabuaço, para fotografar o "Penedo Rachado" referido numa lenda e ver o lugar onde, segundo outra lenda, os Maias, um povo muito religioso que se banhava nas águas do leito do Rio Távora, junto à Ponte do Fumo, foram chacinados e extinguidos pelos Mouros.
Nesta procura, o escritor e investigador encontrou património material: dois monumentos megalíticos situados numa zona escarpada e inacessível.
Segundo Alexandre Parafita, "os monumentos são contíguos entre si e ambos compostos por câmaras poligonais cobertas por gigantescas tampas monolíticas, assemelhando-se a antas ou dólmens".
O investigador considera ainda "poder tratar-se de testemunhos pré-históricos de valor incalculável, que poderão ajudar a aprofundar o estudo da civilização e presença humana, no território do Douro Sul, desde o período neolítico".
Por isso, comunicou a 12 de Novembro a descoberta ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), anexando fotografias e um mapa rudimentar, com o objectivo de que venham a "ser tomadas as medidas de estudo e salvaguarda que se justificarem".
A chefe da Divisão de Arqueologia Preventiva e de Acompanhamento do IGESPAR, Jacinta Bugalhão, confirmou à Lusa ter recebido a comunicação do investigador, que diz ter sido encaminhada para a extensão da Beira Interior, lamentando, no entanto, não haver ainda uma resposta sobre os dois monumentos.
Segundo a responsável, "numa situação normal esta comunicação já teria tido resposta, mas a extensão, em vez de dois arqueólogos, tem um e mesmo esse está parado porque não viu a avença renovada".
O IGESPAR dispensou sexta-feira 37 avençados, a maioria arqueólogos, no âmbito do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE).
O concelho de Tabuaço foi o primeiro a ser alvo do Inventário do Património Imaterial da Região Duriense.
Alexandre Parafita escreve no primeiro volume da obra "Património Imaterial do Douro: narrações orais (contos, lendas, mitos)", lançada em Dezembro, que "o estreito convívio do homem com as figuras megalíticas ou pré-históricas que a natureza e as etnias primitivas esculpiram induziu as comunidades à criação de interpretações míticas de grande valor antropológico".
O investigador em causa é especializado em património imaterial. Desenvolvendo há vários anos investigações relacionadas com lendas e mitos nacionais e, actualmente, integra a equipa de investigação responsável pelo "Arquivo e Catálogo do Corpus Lendário Português", no âmbito da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Documentário revela "Segredos do Douro"


Cachão da Valeira, nome com registo conhecido e registado desde o séc. XVIII, encontra-se num lugar ermo, numa encosta de mesmo nome, na margem esquerda do rio Douro, a montante da barragem da Valeira, sendo apenas acessível por barco. No local encontra-se uma inscrição epigráfica na face de uma “fraga” de impossível acesso. As letras latinas, capitulares, embutidas de bronze dourado, e encimada pela incrustação de uma coroa fechada, passam despercebidas aos milhares de turistas, apinhados, que todos os anos por ali passam em embarcações.
IMPERANDO D. MARIA PRIMEIRA - SE DEMOLIU O FAMOZO ROCHEDO - QUE FAZENDO AQUI - HUM CACHAM INACCESSIVEL - IMPOSSIBILITAVA A NAVEGAÇÃO - DESDE O PRINCIPIO DOS SÉCULOS - DUROU A OBRA - DESDE 1780 ATÉ 1791 - PATRIAM AMAVI FILIOS QUÉ DILEXI. Em 1530. Verificaram-se as primeiras tentativas para destruir o Cachão da Valeira, nos séc. XVII e XVIII, mais precisamente nos reinados de D. Pedro II e D. João V. Uma cascata numa garganta rochosa do rio, que impedia a navegabilidade completa do rio Douro. Foram efectuados diversos estudos para a execução da obra.
Em 1779, a Companhia Geral da agricultura e Vinhas do Alto Douro recebe autorização de D. Maria I para cobrar impostos sobre o vinho, aguardente e vinagre transportados pelo rio Douro, com o propósito de os aplicar em obras que o tornassem navegável. Um dos obstáculos era o Cachão da Valeira, nas fraldas da serra do Ermo, onde se encontrava o Santuário de S. Salvador do Mundo, onde o rio era estrangulado por enormes fragas abruptas que faziam precipitar as águas numa queda de 7 metros de altura. O padre António Manuel Camelo, foi encarregue da destruição dos rochedos e alargamento do leito do rio, coadjuvado por José Maria Yola, Engenheiro Hidráulico da Sardenha.
Em 1780, inicia-se a obra de demolição do Cachão, com mais de 4300 tiros dados abaixo da linha de água, alargando-se o leito do rio 35 pés. Em 1789, passam os primeiros barcos rabelos a subir e a descer o rio com segurança.
Com a construção da barragem da Valeira e mais quatro ao longo do Douro nacional, em 1990 começou o Douro a receber os primeiros turistas.

De nome Joseph James Forrester, ficando conhecido na região do Douro por Barão de Forrester, nasceu em Hull, na Escócia, a 21 de Maio de 1809. Vindo a falecer, vítima de um acidente de barco, no Cachão da Valeira, em Maio de 1861. Veio para Portugal em 1830 e dedicou-se desde muito cedo à carreira comercial, ajudado pelo tio, grande comerciante na cidade do Porto. Barão de Forrester tornou-se num homem distinto, de grande cultura, deixando-nos uma extensa obra bibliográfica essencialmente sobre o Douro.
Foi o autor do importante mapa "O Douro Português", traçando o curso deste rio desde a fronteira espanhola ate à foz. Este excepcional trabalho fez com que o governo, da altura, lhe atribuísse o título de Barão, honraria pela primeira vez atribuída a um estrangeiro. Como nesse tempo o acesso para o Douro era difícil, mandou construir um barco do género rabelo, ricamente decorado e apetrechado, onde oferecia jantares aos seus amigos. A tripulação era muito bem remunerada e magnificamente uniformizada. Quando se encontrava hóspede de D. Antónia Adelaide Ferreira, ainda recordada por Ferreirinha, veio a encontrar a morte no barco em que se fazia transportar, numa viagem de recreio, quando se voltou no traiçoeiro ponto do Cachão da Valeira.
Socorridos os ocupantes por outro barco, salvaram-se todos, menos o barão, uma criada e um criado que acompanhava a comitiva.
Dizem que D. Antónia Ferreira se salvou graças aos seus vestidos, que se comportaram como um perfeito balão e o Barão se afogou porque levava na sua faixa uma quantidade apreciável de onças de moedas de ouro que o levaram ao fundo do turbilhão acabando por se afogar. Morreu e ficou sepultado no lugar que mais o impressionava.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Senhora da Lapa a par de Santiago de Compostella foram santuários de fé antes de Fátima



A Lapa é uma terra de fé, um sítio de mistério natural e de alcance transcendal. De qualquer ponto que o circunstante lance o olhar, de perto ou de longe, encontra como ponto de contacto ou a torre da igreja ou um cruzeiro ou mesmo um dos quatro consagrados miradouros. Está a povoação situada quase no cimo da serra com o mesmo nome, a 915 metros de altitude. Localiza-se junto às nascentes do rio Vouga, na freguesia de Quintela, concelho de Sernancelhe, diocese de Lamego, distrito de Viseu.
Joana, a muda pastorinha de Quintela, nunca sonhara que a imagem da Srª da Lapa, a nena que guardava ciosamente na cestinha da merenda, fosse motivo para que à serra ou ao Santuário acolhessem milhares de romeiros, tantos que houvessem de a assustar.
A história da Lapa inicia-se nos finais do século XV, mais propriamente no ano de 1498. Percebido o sinal miraculoso, os romeiros empreenderam a espontânea construção de uma capela. E a seguir uma proteção para os devotos que faziam a romaria à volta da gruta inserida no enorme fraguedo. Isto da sua história passou-se assim:
O célebre e hábil general mouro, Al-Mançor, pelo ano de 982, atravessou o Douro para a margem esquerda. Havendo destruído Lamego, progrediu para Trancoso. No trânsito arrasou o Convento de Arcas, onde martirizou muitas das religiosas. Atravessada a serra de Pêra, chegaram ao convento de Sisimiro, sito na actual Quinta das Lameiras, freguesia de Pinheiro, concelho de Aguiar da Beira. Parte das religiosas sofreram o martírio, outras escaparam levando consigo uma imagem de Nossa Senhora, procurando abrigo nos matos por onde se embrenharam. Acharam a gruta ou lapa, onde guardaram a dita imagem que ali resistiu à agrura dos séculos, durante uns 515 anos.
Em 1498, uma pastorinha chamada Joana, muda de nascença, da freguesia e lugar de Quintela, andando a guardar o gado de seus pais, lembrou-se um dia de entrar ali na gruta e encontrou a santa imagem que meteu na cesta onde guardava as maçarocas e a merenda. A imagem era de pequena dimensão, mas muito formosa. E a pastorinha guardou-a e enfeitava-a como podia e sabia, com as mais lindas flores que topava nos campos ou no monte. Ao voltar a casa, no fim do dia, cuidava da roupa da imagem. As ovelhas, apesar de fartas e nédias, eram apresentadas quase sempre nos mesmos lugares, o que motivou acusações por parte de outrem à mãe de Joana. Tudo isto e as teimosias da filha a fizeram enervar e, sem mais, tirou-lhe a imagem, que teve por uma vulgar nena ou boneca, e atirou-a ao lume.
A menina, transida de pavor, gritou; “Tá! Minha Mãe! É Nossa Senhora! Ai! Que fez?”. A fala começou a prender irreversivelmente a mocinha pastora e a mãe ficou com o braço paralizado, transe de que se curou com a oração de ambas.
A imagem foi levada para a Lapa, sob a orientação do percurso por Joana e todos a acompanharam. Porém, tal não terá sucedido sem que antes o cura de Quintela houvesse tentado a entronização da veneranda imagem no interior da Igreja Paroquial, donde a mesma imagem desaparecia de modo insólito.
Para abrigo da imagem de Nossa Senhora e para resguardo temporário dos fieis, sobretudo na época de maior afluência destes, foi construído um Oratório e levantadas algumas barracas. O Oratório e barracas adjacentes estavam sob a jurisdição do reitor da Vila da Rua.
Foi este o princípio da localidade de Lapa, onde por força destas circunstâncias começaram a edificar-se as principais habitações e bem assim as subsequentes, o que transformou um lugar inóspito num aglomerado que logrou alcançar numa certa projecção e que hoje mantém a atmosfera de mística espiritualidade e de estranha grandeza.
Entretanto, como a Companhia de Jesus se instalasse em Portugal e gozasse de gerais simpatias, foi permitido aos Jesuítas, a título transitório, que dirigissem o culto da Lapa, auxiliando os fieis e atendendo-os de confissão. Porém, no ano de 1575, o padroado da Abadia de Vila da Rua passa a jurisdição e posse da Coroa Portuguesa, com o curato de Quintela que lhe estava adstrito e em cujo limite se encontrava a Ermida da Senhora da Lapa. Em 1576, sob autorização do Papa Gregório XIII, D. Sebastião, deu a Igreja da Rua, com metade dos seus réditos, ao Colégio de Jesus, que os Jesuítas fundaram em 1542 e possuíam em Coimbra, ficando-lhes a pertencer tamcbém o Oratório da Lapa. Efectivamente, D. João III tinha-lhes entregue o Colégio das Artes, com a promessa de um dote, para côngrua sustentação, promessa que não satisfez na totalidade, cabendo o ónus do cumprimento ao seu sucessor.
Vindo estabelecer-se na Lapa, os Jesuítas dão corpo, com o auxílio de particulares, à edificação do Santuário e do Colégio, obras iniciadas no século XVI. Dentro da Igreja, ou melhor junto dela mandou levantar, em 1586, Pedro do Sovral, Senhor do Morgado de Sernancelhe, a actual capela do Santíssimo Sacramento, para abrigo do túmulo de família. Antes de ter a função hodierna e de albergar aquele altar de boa talha joaninha, serviu de sacristia.
O Colégio, junto ao Santuário, começou nos finais do século XVII, mais exactamente em 1685 e ficou sempre obra não acabada.
O complexo religioso e escolar afirma-se progressivamente como um prestigiado e prestigiante santuário de peregrinação nacional e um notável pólo de de aquisição e consolidação de cultura. O colégio locupleta-se de escolares. E a Senhora da Lapa impõe-se como um centro de irradiação do culto à Virgem e como fermento de mais povoações, cidades, dioceses e santuários um pouco por todo o mundo, sobretudo pelas inúmeras estâncias por que andarilharam os padres jesuítas.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Jovens continuam a investir em "momentos" de crise


Chamasse Paulo e o seu sonho foi sempre a de ter negócio próprio na área da restauração. Ao fim de dezassete anos a trabalhar num restaurante bem perto da lota de Matosinhos, eis que chegou a sua oportunidade, de ver com quantos "paus" se constrói uma cabana, e deitar maus à obra, com a colaboração de um ex-colega que há algum tempo tinha enveredado pelo mesmo sentido obrigatório de quem quer chegar mais além.

Paulo adquiriu um renovado restaurante que, alguém com gosto para além do que mais usual se vê na região do grande Porto, não teve o mérito profissional de lhe dar o destino desejado. Mas, o jovem proprietário, homem destemido e que desde muito jovem conheceu a árdua tarefa do trabalho, foi em frente. Uma alteração aqui outra ali, deu um toque próprio à casa que sempre desejou ter. Toque esse de muito bom gosto. Diga-se que o design se enquandra perfeitamente, tal como uma luva, com o desempenho de todos que fazem parte dos quadros de pessoal da casa, assim como das ementas, essencialmente à base de peixe: sempre fresco, mesmo ao lado da lota de Matosinhos.

Embora os tempos não sejam os mais oportunos para investir, principalmente nas áreas que estão mais perto do comum dos pecadores humanos (zé povinho), este jovem e o seu colega, mais veterano na arte e ofício, estão a levar o negócio de vento em pompa numa daquelas ruelas típicas da cidade de Matosinhos, longe do pecado, mas tão perto do "Pecadinho".